Dogmatismo é um termo que deriva da palavra dogma. Dogma é qualquer ideia, doutrina, premissa, pensamento tido como indiscutível, aceito como correto e certo, sobre o qual não paira nenhuma dúvida e sobre o qual não se aceita questionamentos. Assim, o dogmatismo é a atitude intelectual de seguir, defender ou aceitar algum dogma.
O dogmatismo então pode ser encontrado em qualquer área do conhecimento e mesmo nas discussões diárias do senso comum, contudo o temo é mais propriamente empregado e reconhecido no campo da filosofia e da religião.
Veremos então o dogmatismo como uma atitude intelectual de conceber que há alguma verdade que é absoluta, e por assim ser ela está acima de questionamentos. No campo da filosofia, veremos isso como uma contestação a atitude ceticista que vê no homem a incapacidade de alcançar uma verdade, uma ideia que esteja livre de erro, imune à crítica. O dogmatismo filosófico defende que existem questões para os quais o homem é capaz de racionalmente encontrar uma argumentação tal para expressa-las que estas possam ser consideradas verdades absolutas.
No campo da filosofia, o dogmatismo é algo muito raro atualmente, mais encontrado em filósofos da antiguidade e da idade média. Hoje, com as teorias pós-modernas as ideias são entendidas como verdades históricas, construídas no tempo e culturalmente, passíveis de serem desconstruídas e que escondem sempre interesses de poder, por isso não há espaço para o dogmatismo na filosofia atualmente.
Contudo, no campo religioso, o dogmatismo está muito presente e é o fundamento de toda religião. Toda religião se assenta sobre um dogma, uma verdade indiscutível e absoluta que justifica todo o seu discurso e as suas práticas. O Cristianismo, por exemplo, se baseia no dogma de que Jesus é Deus. Do ponto de vista histórico e filosófico isso é questionável, contudo, do ponto de vista religioso, essa é uma verdade sagrada e intocável.
O dogmatismo, portanto, tem duas facetas: uma autoritária e outra submissa. Quando uma pessoa aceita um dogma, se sujeita a ele. Alguns grupos religiosos se aproveitam da força do dogma para impor aos seus fiéis suas vontades. Em nome de dogmas, verdades absolutas, fiéis entregam seus bens, se auto flagelam, cometem atentados, vão para a guerra. E no lado oposto vemos que o dogmatismo é usado pelo poder. Ao impor aos fiéis seus interesses um grupo de privilegiados utiliza o dogma para usar os seus seguidores em prol de si, numa atitude autoritária os obriga a dá-lhes dinheiro ou bens, a se submeterem a privações materiais e espirituais, a cometer crimes e etc.
Podemos identificar ainda no dogmatismo duas posturas intelectuais diferentes, o dogmatismo ingênuo e o dogmatismo crítico. No dogmatismo ingênuo, o do sendo comum, uma pessoa aceita algo como uma verdade sem contestá-la. Algo que vê na mídia ou que uma pessoa a quem confere autoridade disser a pessoa aceita como verdade, e passa a seguir ou defender a ideia.
O dogmatismo crítico já é uma atitude de buscar através de um método racional e cientifico, com rigor intelectual e embasamento teórico os fundamentos daquilo que se defende como verdade. É a atitude daquele que aceita o dogma e se muni de ferramentas cognitivas para comprovar que aquilo que entende como verdade de fato é.
O dogmatismo jurídico é uma forma de encarar a legislação de modo a tornar a aplicação das leis válidas. Para que as leis sejam aplicadas e os casos sejam julgados é preciso que se assentem em premissas e teorias incorruptíveis, intocáveis, incontestes. Assim, as práticas jurídicas chegam a consensos. Aspectos éticos e morais são considerados de forma dogmática, como verdades sobre as quais se assentarão toda a prática jurídica. Essas verdades determinadas pela cultura e pela jurisprudência são tomadas de forma dogmática, e assim temos o dogmatismo jurídico.
Um dogma jurídico, por exemplo, é aquele que diz que a vida é o valor mais importante que há. Assim, num assassinato leva-se em consideração este dogma para se julgar o destino de um assassino bem como para criar as leis a cerda desse tipo de crime.
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